Boletim epidemiológico informativo Nº2 - LMC

Luanda Medical Center

Boletim epidemiológico informativo Nº2

Boletim epidemiológico informativo Nº2

Segundo o manual de vigilância do MINSA, 2010; a vigilância é a actual recolha sistemática de dados, análise, interpretação e divulgação dos dados obtidos. É também um instrumento importante para apoio na planificação, implementação e avaliação de acções em saúde pública. Para a região africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs-se o modelo de Vigilância Integrada de Doença e Resposta (VID-R), para promover o uso racional de recursos na implementação das actividades de vigilância nas diversas doenças que têm funções semelhantes nomeadamente; função de detecção, notificação, análise e interpretação, retro informação e acção. No nosso país, este grupo de doenças e eventos prioritárias para o VID-R, referidas no parágrafo anterior, estão representadas em 5 grupos:
- Doenças internacionalmente exigidas pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI);
- Doenças de elevado potencial epidémico;
- Principais causas de morbimortalidade na região africana;
- Doenças não transmissíveis prioritárias na região;
- Doenças que constituem problemas para a saúde pública.

Referir ainda que a lista varia de país para país, e no caso de Angola a mesma corresponde o descrito no Boletim de notificação epidemiológica que contem actualmente 38 doenças eeventos (OMS, 2020; MINSA, 2010).

Dengue

A Dengue é uma das arboviroses mais importantes e graves que afecta o homem e que representa um sério problema de saúde pública no mundo, especialmente em países tropicais onde as condições ambientais favorecem o desenvolvimento e proliferação do mosquito transmissor, tendo-se espalhado rapidamente por todas as regiões da OMS.

A Dengue é uma doença infeciosa febril aguda, causada por um arbovírus RNA (DENV 1, 2, 3 e 4), do género flavivírus e família flaviviridade, de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica.

São vários os mosquitos do género Aedes vectores; no entanto são as fêmeas das espécies Aedes aegypti e Aedes albpictus as responsáveis pela transmissão 8-12 dias após se terem infectado.

O período de incubação varia de 3-15 dias (média 6 dias) e o de transmissibilidade desde 1 dia antes do início da febre até ao 6º dia da doença.

Trata-se clinicamente de uma doença de amplo espectro patológico que vai desde assintomática e/ou forma clássica com início súbito de febre alta (39-40ºC), cefaleia, dor retro ocular, mialgias, artralgias, linfadenopatia generalizada, exantema, tosse, faringite e rinorreia; na forma grave pode surgir febre hemorrágica fatal e choque que ocorre sobretudo devido a uma complexa rede de interações entre factores virais e do hospedeiro.

Num estudo sobre Investigação molecular e genômica de um surto urbano do sorotipo 2 do vírus da dengue em Angola, 2017–2019 realizado pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde de Angola (INIS); foram encontradas as seguintes proporções do ponto de vista clínico: febre (97%), mialgias (62%), cefaleia (57,6%), artralgia (42%), dor retro-orbital (14%) e erupção cutânea (4,5%) (OMS, 2021; FUNASA, 2002; Islam MT at al in BioMed Research International, 2021; Yuill TM in Manual MSD, 2021; INIS Angola, 2019).

Para o diagnóstico desta doença são usados testes de diagnóstico molecular e serológicos; no nosso meio estão disponíveis essencialmente testes rápidos que permitem fazer uma rápida triagem ao nível das unidades hospitalares; os mesmos usam o princípio da imunocromatografia podendo detectar Anticorpos IgM, IgG e Antigénio NS1.

Não existe tratamento específico para a Dengue; no entanto o tratamento sintomático e hidratação para a Dengue clássica e os cuidados médicos apropriados salvam vidas sobretudo de doentes com forma grave.

A prevenção consiste basicamente em combater o mosquito eliminando os possíveis criadouros, usar roupas que minimizem a exposição da pele e repelentes/insecticidas que servem para eliminar as formas imaturas e adultas do mosquito.

Do ponto de vista epidemiológico nas últimas décadas tem havido um aumento da incidência no mundo sob a forma de surtos epidêmicos, geralmente no verão/outono, sendo endémica em cerca de 100 países segundo estrutura baseada em modelos que indicam o surgimento de 100-400 milhões de infecções, tendo sido notificados 2.357.301 casos e 1.731 mortes principalmente em países como Brasil, Peru e Indonésia (OMS, 2021).

Outras Doenças relacionadas

Curiosidades

Uma única fêmea produz entre 60 a 120 ovos em cada ciclo reprodutivo e pode ter mais de três ciclos reprodutivos durante toda a sua vida.

Uma pessoa pode ser infectada por Dengue até quatro vezes por existirem quatro sorotipos diferentes

A fêmea do A. aegypti pode depositar ovos em locais secos que podem sobreviver até um ano devido a sua resistência.

A Hipertensão pode ocorrer em pessoas sem sobrepeso e que praticam atividade física, como em cerca de 30% de indivíduos que tenham pais Hipertensos.

Boletim Epidemiológico Nº2
Informativo

DESCARREGUE
×